Otimismo E Cura – Uma Receita de Sucesso

VOCÊ é uma pessoa otimista ou pessimista? Dependendo da sua resposta, saiba que o modo como você encara as situações da vida pode influenciar significativamente na sua saúde geral.

O estudo sobre o otimismo cresceu ao longo das décadas com o aparecimento da Psicologia Positiva.

Seligman e Csikszentmihalyi, em um artigo publicado na American Psychologist Journal, salientam que o campo da Psicologia, nos anos de 1990, já relacionava com prioridade as questões de cura e reparação de lesões a aspectos como esperança, coragem, fé e otimismo, que inclusive estavam sendo ignorados por profissionais da área da saúde.

Os impactos que o otimismo pode ter na saúde física vêm sendo discutidos há algum tempo. Acredita-se que esse sentimento traz resultados relevantes para a saúde e bem-estar geral.

Existem evidências de que o otimismo estimula a pessoa a tomar medidas proativas para proteger a própria saúde. Já o pessimismo está relacionado a comportamentos desfavoráveis à saúde.

Pessoas otimistas são aquelas que esperam que coisas boas aconteçam a elas, mesmo diante de dificuldades em suas vidas. Os pessimistas já pensam diferente. São aqueles que sempre acreditam que coisas ruins acontecerão a qualquer momento.

O otimismo pode ser conceituado de diversas maneiras, mas basicamente refere-se ao humor ou estado mental relacionado a uma expectativa favorável de um evento desejado no futuro.

Estudos apontam que o otimismo pode ser essencial para a saúde mental e física, até mesmo aliviando os sintomas de doenças crônicas.

Quando uma pessoa é diagnosticada com uma doença grave, geralmente fica sob um estado onde a sua realidade é invertida, evitando sua rotina diária. Seu mundo vira de cabeça para baixo e fica fora de controle.

pessimista

Nessas condições em que se encontra, o pior caminho é deixar se abater, mas acreditar que esse problema terá uma solução.

O primeiro passo deve ser procurar um atendimento médico, além de aceitar e envolver a confiança, o otimismo e a fé como estratégias para o tratamento.

Algumas doenças não têm cura, mas o otimismo pode ser um grande aliado da saúde, fazendo bem para a imunidade, melhorando a resposta a processos quimioterápicos e ajudando a combater ansiedade, depressão e insônia.

Diversos recursos têm sido procurados para o tratamento de patologias, através de medicamentos ou terapias, porém a utilização do otimismo é fundamental, pois ao adicioná-lo ao tratamento clínico submetido, diminui as chances da pessoa se isolar e sentir que é o fim, desenvolvendo pensamentos negativos e até mesmo tentar a autodestruição, ou alguma outra atitude prejudicial para si mesmo e para pessoas próximas.

O otimismo e a esperança são componentes-chave que ajudam a combater e lidar com qualquer doença.

Especialistas percebem que é mais provável um paciente se recuperar de uma lesão ou vencer uma doença, como o câncer, quando o otimismo prevalece.

Uma revisão sistemática publicada na Psychooncology salientou que o otimismo parece estar fortemente associado às respostas individuais ao câncer, promovendo ajuste emocional e comportamental, além de diminuir os sintomas de ansiedade e depressão, tanto em nível individual quanto relacional.

Na pesquisa realizada, os autores defenderam que a atitude positiva resulta em melhores ajustes nas fases posteriores da doença.

O otimismo pode também intervir, mesmo que indiretamente, sobre a saúde cardiovascular, influenciando comportamentos saudáveis relacionados a hábitos alimentares, disposição para a realização de exercícios físicos e tratamentos tanto farmacológicos quanto comportamentais.

Chida e Steptoe, em um estudo meta-analítico publicado na Psychosomatic Medicine, confirmaram que uma visão positiva está associada à redução da mortalidade cardiovascular em indivíduos saudáveis e doentes.

Segundo o estudo, afetos positivos como alegria e felicidade possuem uma associação mais próxima com o sistema nervoso central modulando, então, o sistema, no que diz respeito à variabilidade da frequência cardíaca e o sistema neuroendócrino.

Quanto ao otimismo e sentimentos de esperança, esses parecem ter influência na modulação de estratégias de enfrentamento em situações estressantes.

Estudos sobre os efeitos do otimismo e da psicologia positiva também levaram a conclusões de que o otimismo está associado à diminuição da incidência de doença arterial coronariana e da taxa de mortalidade.

Pessoas otimistas apresentam um melhor perfil de fatores de proteção para doenças cardíacas, bem como uma melhor condição de saúde, por exemplo, sem colesterol alto, sem hipertensão e sem depressão.

Relacionando o otimismo ao colesterol, um estudo publicado pela American Journal of Cardiology, testou a hipótese de que o otimismo está associado a um perfil lipídico mais saudável.

Os resultados dessa pesquisa indicaram que um maior otimismo está associado a níveis mais altos de HDL (colesterol bom) e níveis mais baixos de triglicerídeos.

Isso pode ser explicado, em parte, pelos comportamentos mais saudáveis que as pessoas otimistas adotam, e menor índice de massa corporal.

Com relação a doenças pulmonares, Popa-Velea e Purcarea estudaram o papel do otimismo na determinação da função pulmonar em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.

Os resultados apontaram que pacientes com alto otimismo demonstraram menos comprometimento funcional em comparação aos pacientes com baixo otimismo. Quem sofre com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica sabe que a motivação para o autocuidado é essencial.

pulmao 1

O otimismo e a esperança estão relacionados a essa atitude de melhor autocuidado, possibilitando aumentar a percepção subjetiva de bem-estar e estimulando comportamentos mais saudáveis.

Um estudo na Health Psychology Journal, realizado por Hart e colaboradores, examinou o otimismo como mediador da melhora de sintomas depressivos em pacientes com esclerose múltipla, visto que muitos sofrem com problemas psicológicos e emocionais.

Os autores chegaram à conclusão de que o otimismo leva a resultados positivos de saúde física em pacientes nessas condições, pois eles passam a buscar oportunidades para modificar suas experiências com relação a doença, aumentando sua descoberta de benefícios ao longo do tempo.

Vários outros estudos comprovam que o otimismo pode ser um remédio de sucesso. Se você é uma pessoa pessimista, não se preocupe, você não irá desenvolver uma lista de doenças por isso, até porque o pessimismo não é a única causa para as inúmeras doenças que existem.

No entanto, vale destacar que o otimismo pode ser aprendido e desenvolvido, além de o ajudar muito a prevenir doenças, facilitar a sua recuperação e, em alguns casos, até mesmo levar à sua cura.  

Referências

AVVENUTI, G. et al. Optimism’s explicative role for chronic diseases. Frontiers in Psychology, v. 7, n. 295, p. 1-9. 2016.

BOEHM, J. K. et al. Relation between optimism and lipids in midlife. American Journal of Cardiology, v. 15, n. 111, p. 1425-1431. 2013.

CHIDA, Y.; STEPTOE, A. Positive psychological well-being and mortality: a quantitative review of prospective observational studies. Psychosomatic Medicine, v. 70, n. 7, p. 741-756. 2008.

COSTA, J. W. N. et al. A fé como propulsora para enfrentar doenças do Novo Século. Colloquium Humanarum, v. 12, n. Especial, p. 10-16. 2015.

HART, S. L. et al. Relationships Among Depressive Symptoms, Benefit-Finding, Optimism, and Positive Affect in Multiple Sclerosis Patients After Psychotherapy for Depression. Health Psychology Journal, v. 27, n. 2, p. 230-238. 2008.

O’BRIEN, C. W.; MOOREY, S. Outlook and adaptation in advanced cancer: a systematic review. Psychooncology, v. 19, n. 12, p. 1239-1249. 2010.

POPA-VELEA, O.; PURCAREA, V. L. Psychological factors mediating health-related quality of life in COPD. Journal of Medicine and Life, v. 15, n. 7, p. 100-103. 2014.

SCHIAVON, C. C. et al. Optimism and hope in chronic disease: a systematic review. Frontiers in Psychology, v. 7, n. 2022, p. 1-10. 2017.

SELIGMAN, M. E.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Positive Psychology: An Introduction. American Psychologist, v. 55, n. 1, p. 5-14. 2000.

Thiago Moretti F.

Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Colabora com o Blog da Saúde na revisão e criação de conteúdo juntamente com a equipe de médicos editores.

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