Proteja Seu Coração Com Uma Maçã Por Dia

Nas últimas décadas, a América Latina e o Brasil apresentaram uma mudança no perfil da mortalidade da população, caracterizado pelo aumento dos óbitos causados por doenças cardiovasculares, envolvendo o sistema circulatório, distúrbios no coração e nos vasos sanguíneos.

As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte em todo o mundo, englobando os países industrializados e em desenvolvimento. Em 2008, do total de mortes ocorridas no mundo, 17 milhões foram causadas por doenças relacionadas ao coração, representando um terço das mortes globais.

As doenças cardiovasculares representam um forte impacto na qualidade de vida, no aumento da permanência hospitalar de um indivíduo, além de afetar também a economia, os sistemas de saúde e a seguridade social.

A crescente ocorrência de doenças cardiovasculares no último século, levou a população a uma busca constante pelos fatores de risco relacionados ao seu desenvolvimento, bem como alternativas de prevenção.

Alguns fatores de risco são conhecidos e comprovados, os quais podem ser modificáveis, como é o caso da pressão arterial elevada, sedentarismo, diabetes e obesidade.

Fatores de risco não modificáveis incluem idade, sexo e hereditariedade.

Atualmente, devido ao ritmo de vida acelerado, as pessoas encontram-se diariamente expostas aos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

A má alimentação, baseada em alta concentração de gorduras saturadas, colesterol, sódio e açúcar, têm contribuído para o aumento da prevalência dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

Existem evidências epidemiológicas de que a adoção e manutenção de uma alimentação saudável pode ocasionar a redução do risco para doenças crônicas, como as relacionadas ao coração.


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Ácidos graxos mono e poliinsaturados, fibras alimentares, compostos antioxidantes e minerais fornecem proteção ao risco cardiovascular.

Todas as frutas e legumes são excelentes estratégias de prevenção de doenças cardiovasculares, mas destacaremos por aqui a maçã. Sabe aquele ditado que diz que “uma maçã por dia evita muitas idas ao médico”? Pois acredite, isso é uma realidade e faz todo o sentido. Entenda o porquê.

A maçã é a segunda fruta mais consumida devido à sua ampla disponibilidade geográfica e sazonal. Além disso, refere-se a um importante contribuinte para a ingestão de componentes dietéticos relacionados à prevenção de doenças cardiovasculares.

Essa fruta é composta, predominantemente, por água (85%) e hidratos de carbono (14%), incluindo fibras e açúcar, além de conter vitaminas (principalmente vitamina C e vitamina E), minerais (principalmente potássio) e polifenóis. Uma maçã inteira contém mais de 2,5 gramas de fibras.

Dessas fibras, 70% são insolúveis, incluindo celulose e hemicelulose, e 30% são fibras solúveis, principalmente as pectinas, que são polissacarídeos complexos presentes na parede celular de plantas superiores.

Os efeitos benéficos da pectina para a saúde são atribuídos à sua capacidade de reduzir o colesterol e retardar a absorção de glicose, fatores que contribuem para uma boa saúde cardiovascular.

Estudos experimentais indicam que a maçã está relacionada a menor risco de doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral, demonstrando efeitos benéficos na função vascular e na pressão arterial, inflamação e hiperglicemia.

Sandoval-Ramírez e colaboradores ressaltam que a ingestão de uma maçã inteira por dia está relacionada a redução do risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral e calcificação aórtica grave do estômago.

Tudo isso acontece porque a maçã possui propriedades que diminuem o nível de colesterol ruim (LDL) e a pressão arterial sistólica, além de ajudar a aumentar o nível de colesterol bom (HDL) e a função endotelial.

Sendo assim, consumir pelo menos uma maçã inteira por dia reduz significativamente o risco de mortalidade por todas as causas relacionadas às doenças cardiovasculares. 

Um estudo realizado em 2018, publicado pelo periódico Molecular Nutrition & Food Research, demonstrou que os efeitos cardioprotetores das maçãs se devem à presença de flavonóides, abundantes na sua casca.

Foi realizada uma pesquisa com 30 voluntários durante 4 semanas, com o objetivo de determinar se o consumo de maçã com a casca poderia melhorar a função endotelial, pressão arterial e rigidez arterial em pessoas que tinham maior risco de doenças cardíacas.

Comparou-se a ingestão da maçã com casca (conteúdo rico em flavonoides) e somente a polpa da maçã (menos teor de flavonoides). 

Os resultados desse estudo indicaram que o aumento no consumo de maçã pode diminuir significativamente o risco de doenças cardiovasculares, seja doença cardíaca aguda ou crônica, pois é mediada pelo efeito protetor da casca da maçã, rica em polifenóis e pectina, conhecidos por serem elementos bioativos.

Além das doenças cardiovasculares, os polifenóis das maçãs possuem ainda outros benefícios terapêuticos, como a prevenção de doenças degenerativas.

Os polifenóis da maçã diminuem o risco de doenças cardíacas pelo seu efeito benéfico na microflora intestinal.

Um estudo realizado por Dower e colaboradores comprovou que a epicatequina (composto fenólico da classe dos flavonóides) não está, de forma alguma, relacionada à mortalidade por doenças cardíacas, sendo associada a um risco 46% menor de mortalidade por doenças cardiovasculares em idosos. Esse estudo indicou que 28% da ingestão de epicatequina veio de maçãs.

A fibra também demonstrou um papel importante na redução do risco de doenças cardiovasculares, sendo considerada outro componente das maçãs, contribuindo para efeitos positivos na saúde.

Um estudo realizado por Threapleton e colaboradores relatou uma menor incidência de doenças cardiovasculares em pessoas que consumiam grandes quantidades de fibras, incluindo as presentes nas maçãs.  

Tendo em mente todos esses benefícios, a ingestão diária de maçã é um dos passos principais para prevenir qualquer mortalidade por doença cardiovascular.

É aconselhável que as pessoas, especialmente pacientes com doenças cardiovasculares, aumentem a ingestão de maçã na sua dieta, como forma de prevenir inflamações.

Além disso, recomenda-se consumir a maçã junto com a casca, facilitando as chances da obtenção de cardioproteção. Apenas uma maçã por dia pode fazer toda a diferença!


Referências

BONDONNO, N. P. et al. Flavonoid-rich apple improves endothelial function in individuals at risk for cardiovascular disease: a randomized controlled clinical trial. Molecular Nutrition & Food Research, v. 62, n. 3, 2018.  

BONDONNO, N. P. The cardiovascular health benefits of apples: Whole fruit vs. isolated compounds. Trends in Food Science & Technology, v. 69, p. 243-256. 2017.

COELHO, L. G. Hábito alimentar e fatores de risco cardiovascular na população do ensino fundamental da cidade de Ouro Preto, MG. 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2012.

COVATTI, F. et al. Fatores de risco para doenças cardiovasculares em adultos e idosos de um hospital universitário. Nutrición Clínica y Dietética Hospitalaria, v. 36, n. 1, p. 24-30. 2016.

DOWER, J. I. et al. Dietary epicatechin intake and 25-y risk of cardiovascular mortality: The Zutphen elderly study. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 104, n. 1, 2016.

SANDOVAL-RAMÍREZ, B. A. et al. The effects and associations of whole-apple intake on diverse cardiovascular risk factors. A narrative review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 60, n. 22, p. 3862-3875. 2020.

THREAPLETON, D. E. et al. Dietary fibre intake and risk of cardiovascular disease: Systematic review and meta-analysis. BMJ, v. 19, n. 347, 2013.

ZURAINI, N. Z. A. et al. Promising nutritional fruits against cardiovascular diseases: an overview of experimental evidence and understanding their mechanisms of action. Vascular Health and Risk Management, v. 17, p. 739-769. 2021.

Dr. Andrew Seung Ho Park

CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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Dr. Andrew Seung Ho Park

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CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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