Oxi, que droga é essa?

Saiba mais sobre a oxi, droga ilícita que vem crescendo de maneira assombrosa no país, como é produzida, de onde veio e como surgiu, seus efeitos no corpo e outras curiosidades.

O oxi, uma abreviação da palavra “oxidado”, nome que recebeu por liberar uma fumaça e resíduos de cor escura, lembrando tons enferrujados de materiais oxidados. É uma droga ilícita relativamente nova, comercializada em forma de pedra e costuma ser consumida misturada a algum cigarro ou com a ajuda de um cachimbo caseiro.

A oxi consiste em uma mistura da pasta base de cocaína com outros ingredientes.

Considerada por especialistas como sendo mais letal e perigosa do que o crack, estima-se que a droga chegou no Brasil a menos de duas décadas, período suficiente para que alguns estudos fossem realizados e que ela se espalhasse rapidamente pelo país.

O oxi é considerado uma droga altamente viciante, sendo, assim como o crack, mais rápido não apenas para ser absorvido pelo corpo, devido à forma em que é utilizado, como de se ter um quadro de vício e dependência química instaurado mais rapidamente em comparação a outras drogas como a cocaína.


Como o oxi é produzido

Diferentes drogas possuem a mesma composição inicial, sendo fabricadas a partir de um mesmo produto base, assim é o caso da cocaína em pó, do crack, da merla e do oxi, sendo todos estes produzidos a partir da pasta base da cocaína, confeccionada a partir das folhas de coca.

No caso da cocaína em pó e do crack, por exemplo, são adicionadas a esta pasta  substâncias químicas como acetona, amônia e bicarbonato de sódio, dando o caráter final da droga, enquanto a merla tem adicionado à sua composição principalmente o ácido sulfúrico.

Já o oxi, por sua vez, é produzido a partir desta mesma pasta base da cocaína, porém, ao invés de ser misturado aos solventes e alcalinos normalmente adicionados a outras drogas que utilizam a mesma pasta como base, é adicionado a mistura substâncias como o cal, o querosene e a gasolina, fazendo com que seja considerado como uma versão mais tóxica e mais barata de ser produzida do que o crack, por exemplo.

Por este mesmo motivo que configura sua produção, o oxi acaba sendo considerado mais letal e apresenta ainda mais riscos a saúde do que as outras drogas citadas, uma vez que as substâncias utilizadas em sua produção são ainda menos compatíveis com o corpo humano e o que ele tem a capacidade de metabolizar e processar após a ingestão.


De onde veio e como surgiu esta droga?

A posição geográfica do Brasil representa uma certa dificuldade no combate ao narcotráfico, uma vez que o país faz divisa terrestre com alguns dos maiores produtores de cocaína do mundo, a Colômbia, o Peru e a Bolívia, o que configura uma facilidade ao acesso a drogas que tem como matéria principal derivados das folhas de coca, como é o caso do oxi.

A partir de relatos, acredita-se que a droga começou a ser consumida em países sul americanos como Peru e Bolívia, com as primeiras aparições noticiadas no Brasil entre os anos de 2003 e 2005 na região norte, mais especificamente tendo seu uso relatado primeiramente nos estados do Acre e Pará, mas rapidamente se espalhando pelas outras regiões e estados do país.


Como o oxi age no organismo

Em relação às sensações provocadas no corpo, a droga age principalmente no sistema nervoso, fazendo com que o usuário possa experimentar desde sentimentos de euforia, agitação e alívio, até emoções de angústia, medo e paranoia.

O uso desta droga está relacionado a diversos problemas de saúde, podendo acarretar desde lesões em regiões de mucosa, até a sobrecarga de alguns órgãos, podendo comprometer importantes funções vitais do organismo.

Devido a substâncias químicas que podem ser adicionadas na sua fabricação, como o querosene ou a gasolina, o contato com a própria temperatura do corpo pode ocasionar em lesões em toda a região gastrointestinal, desde feridas nos lábios, corroimento de dentes, lesões no esôfago e assim em diante, potencialmente irritando todos os órgãos do sistema digestivo.

No fígado, órgão responsável pela metabolização das substâncias, o uso da droga pode provocar a sua sobrecarga e comprometer suas funções, podendo acarretar em diversos problemas hepáticos, como é o caso da cirrose, ainda mais quando seu uso é feito junto com a ingestão de bebidas alcoólicas.

Os rins também podem ser sobrecarregados pelo uso do oxi, levando a disfunções no processo de eliminação de toxinas do corpo, que permanecem circulando no organismo pelo sangue, trazendo diversos problemas e complicações de saúde para o usuário.

No cérebro, além de danificar e reduzir o número de neurônios saudáveis, a droga pode causar diferentes doenças psíquicas, como é o caso da demência, da psicose e da esquizofrenia.

Além dos citados acima, por se tratar de uma droga fabricada a partir da pasta base da cocaína, a pessoa que faz seu uso está também suscetível a problemas de saúde como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).


O oxi existe mesmo?

O questionamento surgiu após investigações criminais que contavam com pesquisas laboratoriais apontarem em 43 amostras de oxi a ausência de cal, querosene ou qualquer outro composto sugerido para a formação da droga, concluindo com a suposição de que estas substâncias seriam utilizadas apenas na extração, sendo posteriormente retiradas, ao invés de adicionadas como adulterantes.

Com este estudo, veio a liberação de um relatório da Polícia Federal em 2018 que questionava a classificação do oxi como droga, e se não seria apenas um truque dos traficantes para atrair usuários.

Porém não há uma conclusão muito concreta em relação a isto, ainda mais sendo um estudo com um número não muito elevado de amostras analisadas, e deixar algumas questões em aberto, como a diferença de tonalidade e principalmente a diferença de preço entre as variações derivadas da mesma pasta.

Esta suposição se seria ou não realmente uma nova droga, serve para nos mostrar o quanto estamos atrasados em pesquisas e esforços antidrogas, e que ainda há muito a se descobrir em relação ao oxi.

Thiago Moretti F.

Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Colabora com o Blog da Saúde na revisão e criação de conteúdo juntamente com a equipe de médicos editores.

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