Onde estão as crianças desaparecidas?

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O que acontece e onde estão as crianças que desaparecem todos os dias no Brasil


Desaparecidos no Brasil

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De acordo com um estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que calculou quantas pessoas foram registradas a partir de boletins de ocorrência como estando desaparecidas, no Brasil 8 pessoas são dadas como desaparecidas por hora, ou seja, 192 pessoas desaparecem todos os dias no país.

Quando falamos especificamente de crianças, os números continuam assustando, acredita-se que todos os anos cerca de 40 mil crianças desaparecem no Brasil. Quando buscamos saber das estatísticas mundiais, os números também são altos, com aproximadamente 1,2 milhões de crianças sendo dadas como desaparecidas em todo o mundo todos os anos.

Porém, é reconhecido que os números reais de desaparecimentos são provavelmente ainda maiores, uma vez que nem todos os pais e responsáveis sabem como reagir ou tem condições ou até mesmo conhecimento de que devem realizar um boletim de ocorrência e procurar ajuda em delegacias locais, fazendo com que os números de crianças e adolescentes desaparecidos sejam provavelmente muito maiores dos que o que se tem nos registros oficiais de pessoas desaparecidas.


Desaparecimentos na pandemia

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E durante a pandemia da COVID-19 não vem sendo diferente. Mesmo muitas pessoas tendo se resguardado e saído menos de casa, só em 2020 foram notificados um total de 62.800 pessoas desaparecidas no Brasil, com mais de 30 mil destas pessoas não tendo sido encontradas e permanecendo nos registros como desaparecidas.

Os números podem até ter diminuído um pouco – 20% em relação ao ano de 2019 – mas continua representando um grande número de pessoas que simplesmente desapareceram, deixando milhares de famílias desoladas.

Além dos números não terem baixado significativamente, a pandemia da COVID-19 acabou dificultando em certo nível as buscas por desaparecidos, em grande parte devido ao fechamento de fronteiras, a falta de dinheiro destinado para órgãos públicos e a falta de um apoio mais significativo por parte das autoridades.

Fazendo com que o trabalho já árduo de buscar por estas pessoas tenha se tornado ainda mais complicado com a crise sanitária global.


Tipos de desaparecimento

No ano de 2016, foi disponibilizado pela prefeitura de São Paulo uma cartilha, denominada “A cartilha do enfrentamento ao desaparecimento”, contando com diversas informações, índices, procedimentos e explicações úteis sobre este tipo de acontecimento.

Na cartilha explica-se sobre a diferença entre diferentes tipos de desaparecimentos, sendo eles o desaparecimento voluntário e o forçado:

  • Voluntário: entende-se desaparecimento voluntário como sendo quando a própria pessoa – crianças e adolescentes no caso de desaparecimentos de menores de idade, fogem e vão embora por vontade própria. Muitas vezes sendo uma atitude que ocorre após abusos físicos ou verbais familiares e maus tratos e má condutas parentais ou causadas por outros responsáveis e familiares.
  • Forçado: já o desaparecimento forçado é aquele que ocorre devido ao envolvimento e a intenção de terceiros, afastando a criança ou adolescente de sua família sem o consentimento delas. Sendo este tipo de desaparecimento o que acontece na maioria dos casos.


As primeiras horas de desaparecimento são cruciais

No Brasil, até 2005, os que estavam em busca de crianças desaparecidas deveriam esperar por 24 ou até mesmo 48 horas para realizar o boletim de ocorrência e dar início às buscas.

Porém, de acordo com os números, as primeiras horas são as mais importantes na busca por uma pessoa desaparecida, com as chances de encontrá-la diminuindo 70% após as primeiras 48 horas de desaparecimento.

Sendo assim, em 2005 foi criada uma lei que retirou a necessidade de se esperar mais de um dia ou até mesmo 48 horas para iniciar as buscas por crianças ou adolescentes que houvessem sumido, decretando que as investigações pudessem ser iniciadas de maneira imediata ao desaparecimento e a realização de um boletim de ocorrência.


Mas afinal, onde estão as crianças desaparecidas?

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As maiores hipoteses do que acontece com as crianças e adolescentes desaparecidos, infelizmente não são cenários muito bons, indo desde tráfico de órgãos, tráfico sexual, trabalho forçado em plantações e minas, adoção ilegal e trabalho escravo doméstico.

Só em relação ao tráfico de crianças, de acordo com a ONU, foram 7500 crianças no mundo que se sabe que foram vítimas de tráfico humano apenas no ano de 2019, e isto são só as que se tem ciencia do que aconteceu, o que é sempre uma quantidade muito pequena de todos os casos de desaparecimentos, com a maioria sem se descobrir o real motivo do paradeiro.

Em relação ao tráfico sexual, no Brasil contamos com a Childhood Pela Proteção da Infância, uma organização de origem sueca que possui um trabalho de proteção a crianças e adolescentes em diversos países. De acordo com a organização, por ano a exploração sexual representa quase 80% dos casos de tráfico de pessoas, movimentando mais de 1 bilhão de dólares por ano, com diversas máfias e esquemas internacionais voltados para o sequestro e consequente exploração sexual.

A adoção ilegal também representa uma porcentagem dos casos de tráfico infantil, com diversas quadrilhas especializadas que atuam tanto com fronteiras nacionais como internacionais, contrabandeando crianças para serem entregues ilegalmente a outras famílias, que muitas vezes efetuam o processo de adoção por meio de documentos falsificados.

O tráfico de órgão também é uma realidade em nosso país e no mundo, com toda uma máfia, denominada de “máfia dos órgãos”, sendo responsável pelo desaparecimento de crianças ou até mesmo o mal atendimento hospitalar e diversas práticas ilícitas que culminam no tráfico de órgãos infantil.

Já os casos de tráfico infantil para trabalho forçado, acontecem de acordo com os índices principalmente nas regiões norte, nordeste e centro-oeste do país. Com diversas crianças desaparecendo todos os anos para trabalharem de maneira forçada, seja em minas, regiões de lavoura ou até mesmo para realizarem trabalhos domésticos.

E mesmo representando uma minoria dos casos de desaparecimentos de crianças e adolescentes, há a possibilidade da causa do desaparecimento ser na verdade uma fuga, em alguns casos por negligências e maus tratos parentais, fazendo com que principalmente crianças acima dos 12 anos fujam de casa e sejam noticiadas como estando desaparecidas.

Thiago Moretti F.

Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Colabora com o Blog da Saúde na revisão e criação de conteúdo juntamente com a equipe de médicos editores.

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Thiago Moretti F.

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